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A Consurta "

Eu vim aqui seu doutô
Pro mode me consurtá,
Porém não tou muito má,
Mas muito bom eu não tou.
Eu vim pedir pro senhor
Que tem muita experiença,
Que oiça com paciença
Essa minha ladainha
E me dê umas meizinha
Pra curar minhas duença.
             
Confesso que já tomei
Um monte de raizada,
Porém não serviu de nada,
Do mermo jeito fiquei.
Por isso lhe precurei
E tou querendo saber
O que é que eu devo fazer,
Apois eu não tou mentindo
E tudo que eu tou sentindo
Agora vou lhe dizer:

Eu tou sentindo uma dor
Aqui no pé do imbigo,
Inté parece que o figo
Faz tempo que se acabou.
Nas costa tem um tumor,
Na testa tem um caroço.
Eu tou com o couro grosso
Que nem o casco do peba,
Nas perna só tem pereba
E rematirmo nos osso.

Eu também sofro de ramo,
Sempre tenho dor de dente...
Das tripa eu tou duente,
Tou fraco que nem mulambo,
Sinto uma dor no estambo,
Uma gastura injuada,
De noite não drumo nada
Com a dor no espinhaço,
De dia tenho um cansaço
E uma tosse danada.

Tou mêi fraco do juízo,
Sinto uma dor nas custela,
Tou com ichaço nas guela,
Meu nariz tá intupido,
Tou mêi moco dum uvido;
É um difrusso danado,
Um atracoma lascado,
A vista tá muito ruim,
Também sinto dor nos rim
E meus bofe tão inchado.

Tou tode chêi de coceira,
Uma nascida na língua,
No suvaco uma íngua,
No corpo uma caroceira.
Ainda tou com frieira
Nos pé e também nas mão
E inté no coração
As vez eu sinto uma dor,
Tirano disso douto,

Não sinto mais nada não.

Autor: José Lopes Peixoto

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